Name/Title
O PACTO DE BOCAPIUDescription
Bocapiu é um objeto muito conhecido nosso na cultura afroindígena. Para além de ser bela técnica de palha trançada, é também mocó, bolsinha cesta onde se guardam o que levamos da feira pra casa e nossos mais sagrados segredos. É também expressão que usamos quando devemos silenciar sobre algo que vimos.
O livro O Pacto de Bocapiu foi escrito depois de 5 anos de uma performance de mulheres encarceradas, organizada pelo Coletivo Corpos Indóceis no presídio feminino de Salvador, em 2017, que se chamou à época “Não sou bicho, sou Mulher”.
Antes de decidir publicar, levei esses últimosanos refletindo sobre a forma estética que poderia se tornar o “bocapiu” do que vivemos. Isto é: o trançamento entre o que é visto, deve ser guardado (olhado-escondido) e, ao mesmo tempo, precisa ser transmutado: de segredo a matéria nossa comunitária e quente – de memórias, falares e afazeres.
Em 2022, a forma indócil chegou entre o teatro, a poesia e a narrativa: uma “performance abolicionista”. Desde então, o livro foi lançado e debatido em uma série de espaços que discutem as mais diversas lutas por liberdade feminista. E estes debates tem sido sua “crítica performativa” (como gosto de nomear), isto é a continuidade da performance que alcança cada leitura, cada leitora, cada desdobramento de ação-afecção para além das quatro paredes do objeto livro.